Nos
últimos anos, operar um guindaste com algum componente eletrônico avariado se
tornou uma tarefa quase impossível diante da importância que essas peças
desempenham em praticamente todas as funções realizadas pelo equipamento. Além
de identificar falhas, os sistemas eletrônicos monitoraram todos os parâmetros
operacionais do equipamento, que já conta com supervisão quase completa de suas
atividades mecânicas, de locomoção e de içamento. Por esse motivo, a manutenção
desses componentes merece atenção especial nos novos modelos de guindastes.
Primeiramente,
é preciso estabelecer que o conceito de manutenção em componentes eletrônicos
de guindastes é diferente do adotado nos reparos mecânicos, nos quais as ações
preventivas e preditivas – como a análise de lubrificante, por exemplo – podem
apontar uma possível falha real ou potencial. As ações preventivas, nesse caso,
se limitam a uma inspeção anual dos sensores, verificando o seu funcionamento
na central eletrônica, e das vedações dos conectores e compartimentos. Também é
fundamental eliminar agentes contaminantes externos, como água, poeira e
produtos químicos, cuja presença pode comprometer o bom funcionamento dos
conjuntos eletrônicos.
Contudo,
os fabricantes garantem que a premissa mais importante para se manter a
conservação e pleno funcionamento dos sistemas eletrônicos é a especialização
dos técnicos de manutenção. Quanto mais sofisticado for o guindaste, maior será
a quantidade de componentes eletrônicos em seu interior, principalmente no que
se refere à presença de sensores. Por isso, cada componente deve ser tratado
com o máximo de cuidado, o que justifica a exigência por mão-de-obra
qualificada.
Procedimentos
como a calibração ou ajuste dos sensores diretamente relacionados ao
monitoramento de carga exemplificam a importância da especialização na
manutenção. Em geral, os equipamentos contam com três tipos de sensores para o
controle de elevação de cargas: o de ângulo, o de comprimento e o de carga. Os
parâmetros deles são cruzados na central eletrônica do guindaste, onde é feito
o cálculo das condições de trabalho para o içamento. Caso um desses sensores
não esteja instalado corretamente ou envie informações erradas ao sistema, os
parâmetros de içamento podem ser totalmente comprometidos, o que representa a
possibilidade de acidente.

Nos
guindastes atuais, o grau de periculosidade é menor, pois alertas são emitidos
a cada anomalia identificada no sistema e, dependendo da gravidade da mensagem,
o equipamento trava até que se corrija o problema. O código de erros, enviado
pelo sistema eletrônico, indica exatamente o local que deve ser avaliado, mas
para decifrar o problema, os profissionais devem consultar o significado do
código informado nos manuais originais do equipamento. Alguns fabricantes
oferecem suporte por telefone ou on-line, de modo que o usuário pode relatar o
erro identificado e obter auxílio para realizar manutenções mais simples em
campo. Os códigos de erros também são emitidos por qualquer outro sensor
instalado nos guindastes mais modernos. Em modelos acima de 250 toneladas, por
exemplo, as patolas são vigiadas por transdutores de pressão, que transformam a
informação de pressão hidráulica em sinal elétrico, informando o peso suportado
em cada patola. Esse sistema já é fornecido como item de série para os modelos
de maior porte e como opcional para os guindastes menores.
Um
controle similar também monitora o nivelamento do guindaste quando patolado e
as informações são visualizadas em um painel eletrônico de comando, que fica na
parte externa do equipamento. Por esse motivo, essa área do equipamento deve
sempre estar vedada e protegida de intempéries.
Assim
como os demais painéis de comando da máquina, o controle das patolas é
interligado às unidades centrais ou processadores de informação. Alguns
guindastes possuem diversas delas e oferecem a opção de intercâmbio. Ou seja,
se um código de erro aponta determinada falha no sistema eletrônico de elevação
de carga, por exemplo, é possível substituir seu processador de informação por
outro que esteja temporariamente inativo, de forma a colocar o equipamento
rapidamente em condições seguras de operação.
Inspeção
anual
Os
especialistas recomendam a realização de uma avaliação técnica minuciosa do
equipamento a cada ano, que deve abranger suas partes estruturais, mecânicas, elétricas
e eletrônicas. Para realizá-la, o gestor de frota pode contratar serviços
diretamente do fabricante. Se preferir internalizar o serviço, o usuário
precisa dispor de técnico especializado, que deverá observar diversos detalhes,
entre eles:
- Analisar
a integridade estrutural do sistema de monitoramento de carga e proteção contra
sobrecarga;
- Verificação
e limpeza dos sensores e das vedações dos componentes eletrônicos e seus
conectores;
- Veracidade
das informações e alertas emitidos pelos sensores que atestam os parâmetros de
operação, como, por exemplo, o ângulo da lança;
- Realizar
a calibração dos sensores espalhados por toda a máquina;
- Avaliar
se os cabos de comunicação estão em boas condições e se atendem às indicações
do fabricante;
- Avaliar
se os conjuntos hidráulicos equipados com transdutores de pressão estão em
plenas condições. Se não estiverem, intervir no sistema hidráulico ou no sensor
para que as informações eletrônicas não sejam deturpadas.
Principais
sensores e suas funções
- Sensor de ângulo: sua principal função é controlar o ângulo de lança,
assegurando a confiabilidade do cálculo da carga içada. Pode ainda estar
presente em acessórios como cavalete TY, giro ou direção;
- Sensor
de comprimento: informa o comprimento de lança ou outro acessório, permitindo
que o guindaste monitore adequadamente a operação de acordo com as condições de
vento, a carga içada, contrapeso e ângulo da lança;
- Sensor
de carga: avalia, juntamente com as informações emitidas pelos sensores de
ângulo e de comprimento, a capacidade de carga que o guindaste pode içar;
- Anemômetro:
indica as condições do vento que podem comprometer a segurança do içamento;
- Sensores
limitadores de movimento: como o próprio nome explica, eles limitam movimentos
indevidos que possam colocar a operação em risco, como a subida excessiva do
gancho de carga ou o posicionamento incorreto da lança.